domingo, 17 de abril de 2011

Pássaro.

É quase sobrenatural, esse jeito que suas asas cintilam cores que eu sequer imaginei.
É pura sinestesia, essa sua magia de fechar meus olhos e me fazer sentir seu cheiro, seu sabor.
Você me levou pra voar durante a noite, me deixou sentir seu sabor.
Você me viciou em você.

O problema é que eu sempre soube que você nasceu pra voar.
Mas eu quero você, por isso te prendi numa gaiola.
Assim só eu posso contemplar seus movimentos.

Só que você parece tão triste aí dentro.
Você precisa de algo mais. Por que você não canta?
Nunca pretendi te prender de verdade, só te queria pra mim.
Só mais um sonho distante meu.

Vai, vou abrir a gaiola, voa.
Voa e não volta.
Se eu não te ver, espero não te sentir.
Se eu não te ver, espero um dia não sentir sua falta.

Porque, hoje eu inevitavelmente vou sentir sua falta.
Voa logo. Vou fechar meus olhos e ouvidos.
Vou fechar meu coração.

Voa pra bem longe, que é de onde eu te busquei.