terça-feira, 19 de março de 2013

Afundando.



As vítimas fatais são aquelas que demoram a perceber.
Quando dei por mim, já estava a meio caminho da morte.
Você aí, assistindo, de braços cruzados.
E eu aqui, afundando cada vez mais

Acho que estive destraído demais à procura do oásis
Pois nunca tinha pensado que me era dado estar tão bem assim
Você aí, fazendo caminhos sinuosos
E eu aqui, numa linha direta pro inferno.

Não vou me mover, não vou respirar
Quando mais se move, mais se afunda
E eu sou orgulhoso demais pra pedir ajuda
Pode ficar aí e me assistir afundar

Quem sabe se for demorado, terei tempo de repensar meus erros
E principalmente descredibilizar meus acertos
Pra parecer bem pobre, pra combinar com a lama
Pro espetáculo lhe parecer mais trágico

Porque a verdade é essa: é um espetáculo
E estamos no ato final, na morte do mocinho
Ele afunda, e você assiste.
Sem expressão, até que ela esteja completamente submerso

E lá embaixo há outro mundo
meio cinza, meio morto.
e você parece quase uma divindade de lá
que como tantas outras, não estende a mão

Que deve ter visto tanta gente afundando já
e talvez até ache graça, ou nem se importe
suas vítimas fatais são aquelas que demoram a perceber.
E quando dei por mim, já não ocupava lugar algum.

domingo, 17 de março de 2013

Fim de conversa.


Eu poderia sentar aqui, olhar nos seus olhos, e dizer algumas verdades.
Eu poderia dizer que há coisas que eu adoro em você, mas que também há coisas que odeio.
Eu poderia dizer que o mínimo que você deveria ter feito era ser leal, porque é o mínimo que se espera de qualquer um que tenha caráter.
E que, apesar de tudo, e ao contrário de você, eu não descarto pessoas, então você vai continuar aí.
Mas não.
Eu poderia dizer que se, de fato, você tivesse uma mentalidade adulta, teria dado um jeito, não uma desculpa.
E poderia dizer que não sei ao certo se o mais idiota fui eu, que acreditei em você, ou você, que me fez acreditar, só por fazer.
Eu poderia dizer que senti falta de você nas noites, e que tive vontade de te ver naqueles rostos.
Mas não.
Eu poderia dizer que suas desculpas não colaram, porque não sou uma criança que se engana assim tão fácil
E que agora não importa mais, pois não me interessa o que é verdade e o que é conversa.  É tudo resto.
E poderia repetir que não te entendo, e acrescentar que é também um pouco louco.
Mas não.
Eu poderia dizer que, de repente, as músicas que são só letra começam a fazer sentido.
Aquelas mesmas que eu venho odiando a vida toda
E que é uma pena não podermos cantar juntos
Mas não.
Eu poderia dizer que nunca mais vou te procurar, e me arrepender dois segundos depois
Eu poderia, de novo, dizer que me sinto patético em ter depositado confiança em você
E poderia exigir novas e mais robustas explicações.
Mas não.
E poderia dizer que, ao final dessa conversa, você estaria livre, porque é a nossa última.
E que eu volto à cidade em dois meses, quando então talvez sejamos diferentes.
E que, sem expectativas, mas coisas talvez fluam, apesar de isso já ser uma expectativa.
Mas não.
Prefiro permanecer em pé, e em silêncio. E dar as costas, e não adeus.
Vamos nos responder com silêncio.
Pois o silêncio dignifica o verdadeiro e a consciência tranquila
Mas ao mesmo tempo corrói o falso e o deixa louco.
Então, que melhor resposta nos resta um ao outro que o silêncio?
Tão cruel, tão austero, e tão amigo do tempo.


terça-feira, 12 de março de 2013

O General e o Rebelde



Odeio quando meus peões resolvem pensar
e não se movem do jeito que previ inicialmente
Ah, se eles apenas obedecessem
Se se movessem exatamente na direção que indiquei.

Eu sou tão bom em estratégias
às vezes até eu me assusto com minha capacidade de prever os acontecimentos
E fazer com que ajam para que eles aconteçam a meu favor
Dando um passo de cada vez.

Mas por que nada disso funciona com você?
Com você eu me atropelo, perco a pose
Com você, meus peões incitam um motim
Posso ver o caos que você cria às portas da minha fortaleza

Eu poderia por um exército no seu encalço
te derrubar disfarçadamente e depois oferecer uma mão amiga
Mas eu não consigo jogar sujo com você
E tenho medo de você rebelar o meu exército também.

De algum jeito você tem o panorama dos meus planos
me faz de bobo o tempo todo, sempre com um passo à frente
E põe em cheque minha capacidade de comando
vira do avesso a minha razão, me treme as bases

Talvez eu não seja tão esperto assim
apenas não tinha encontrado alguém tão desafiador
Ou talvez, de fato, eu seja esperto
Mas não será com razão que eu ganharei essa batalha.

Carta dramática


Não era pra estar doendo tanto, afinal, não tivemos nada, e foi tudo muito rápido
e eu já deveria ter aprendido a me blindar
Mas nos raros momentos de lucidez que eu ainda tenho
Eu tendo a pensar que o que dói não é a "perda" em si, mas sim o desconhecimento

O que dói é não saber porque você virou nada mais que uma fumaça branca e dispersa
Porque, se eu soubesse, teria como consertar eventual erro cometido
E talvez, se eu soubesse, e suas razões me convencessem, eu não estaria com essa dor no peito

Mas eu não sei. E, raios, como eu estou me esforçando.
Eu reviro cada palavra que te disse, cada vírgula que pudesse ter sido mal interpretada
E não acho nada. Será que, no fim das contas, eu fiz mesmo alguma coisa?
Não é justo comigo. Nunca te quis mal, pra, de repente, não passar de um incômodo pra você.

Será que é muito me dar só uma explicação?
Não estou exigindo você pra mim, apesar de, confesso, desejar isso intimamente
Só quero entender e, se estiver errado, te deixar em paz.
Coloque-se em meu lugar por um momento.
Coloque-se no lugar de um cara que, sabe-se lá porque, em tão pouco tempo, como nunca antes (nunca mesmo, pra ser honesto comigo mesmo) , viu alguma coisa bonita  em outra pessoa, que nem ele sabe explicar, e quis, desde então, fazer parte da vida dessa pessoa. Sem explicação lógica, e sem mero interesse apenas em um corpo quente.
Arrisco a dizer que essa coisa bonita nem foi vista com os olhos, mas talvez com um sexto sentido, porque é totalmente diferente de outras vezes.
Coloque-se no lugar de um cara que sentiu o gostinho do paraíso por um dia, e no outro foi trancado numa prisão silenciosa, sem nem saber a razão.

É assim que me sinto: numa prisão de silêncio.
Eu posso dirigir palavras pra você, sim, mas parece que a cada vez que o faço, você fica um passo mais distante. E isso machuca.
E me manter em silêncio, definitivamente, não é uma opção confortável.
E é por isso que estou, assim, escancarando o que penso pra você.
Não tenho nada a perder mesmo. Ou eu ganho a explicação que tanto quero ou você apenas continua sendo indiferente, o que já é o quadro atual.

Considere, com carinho. Com o mesmo carinho que você depositava quando antes falava comigo.
Assim eu sinto o gosto bom mais uma vez, nem que seja pra saber que é a última.
E se for a última, vai doer, mas vai ser menos cruel.
E você nunca mais vai precisar se deparar com meus lamentos.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Your dirty game


You had enough
you had enough of my attemption
you had enough of my behavior exceptions
You had enough of me on my knees

You need a little bit more
You need a little of my silence
you need my face without a smile
and maybe some angry on my eyes

I told you I wasn't nothing special
So why did I act like you were?
You got those hot body and sweet words
It's fine, but baby, so do I

you'll have a little bit more of that lord that excites you
No smile, no words and careless
The good boy is there inside
But he's tired of being your toy

You had enough of my soul
And my mistake was showing it so easily
You better not to think that you have me at hand
even though you had it all to get me once

I'm not that fragile, honey
So don't keep you head held high
Like you're better than me
I can lead out from that sky deep into a hell

instead having you in my arms
that is ecxatly what I've been offering to you
You could just say yes or no, but you played with me
Now you had enough of me, and I'm gonna start my turn


Brinquedo


Você não deveria ter me mostrado seu sorriso
Agora eu simplesmente não controlo meus impulsos
Como se o segundo plano da minha mente sempre estivesse ocupado com você
E eu estava gostando tanto

Acho que fui sua presa
Porque eu me entreguei tão facilmente, como eu jamais imaginei que faria alguma vez
tudo em troca desse sorriso
Mas acho que vou sair de mãos vazias

Você já teve diversão suficiente?
Já enjoou da nossa brincadeira?
Eu acho uma pena, porque tudo que eu fazia à noite
era rezar pra não ter sido apenas uma brincadeira

Só me deixa tentar te levar pro céu
Eu nunca estive tão disposto a fazer isso por alguém
E se eu não fizer, parece que me falta algo
Só não diz que já perdeu a graça

Se bem que eu não sei onde estava com a cabeça
Você deve ter tantos caras se jogando em seus pés
que talvez o meu maior erro
for ter acreditado que eu tinha alguma chance

Logo eu, que rio da inocência alheia
Agora estou aqui, desesperado
Suplicando por mais um suspiro, mais um sorriso
Antes de voltar pra apatia que é minha vida sem você

Saudades de um futuro que não existiu




Sabe quando você se sente o mais idiota entre os idiotas? Então.
Se tem uma coisa que afasta qualquer interesse meu em alguém, essa coisa é submissão.
Odeio que dependam de mim. Odeio que contem comigo. Odeio o desespero que sentem ao ver que não estou interessado.
Ai, quando dou por mim, estou agindo exatamente assim com você.
Mas também, que culpa eu tenho de você ser tão - não sei bem a palavra - empolgante
Com você, toda a minha capacidade de abstração veio à tona
Acho que eu já estava em um universo paralelo
onde seus amigos já eram meus amigos
sua rotina já era minha rotina
e você já me pertencia. E gostava.
O que te custava tornar tudo isso realidade?
Eu já havia feito milhares de promessas em minha cabeça, e todas elas envolviam te fazer feliz.
Não sei porque, mas você tem o dom de despertar algo de bom em mim.
Algo que me torna amável, carinhoso, protetor e imbecil.
E acredite, não é todo mundo que faz isso.

Não que qualquer coisa que eu diga seja importante.
Na verdade, agora tanto faz. Talvez eu só faça isso por amor à escrita.
Mas acho mesmo é que eu sinto falta de você, mesmo que você nunca tenha realmente estado comigo.
Meu melhor remédio é começar a esquecer o celular em casa. Só assim eu controlo o vício de olhar você, sondar você, querer você.
E, por tudo isso, sou o mais idiota entre os idiotas.
Porque tudo parece significar que eu abri meu coração pra você, sem perceber, e isso não teve valor nenhum.
Só não sei se eu sou mais idiota por ter destruído minhas muralhas assim tão fácil
ou por ter ido com muita sede ao pode, e te assustado.

Acho que vou morrer sem saber, porque, sinceramente, eu não entendo.
Num segundo você era só amores, no outro, só indiferença.
Só queria entender e, se a culpa fosse minha, consertar.
Não que eu ache que algum dia terei a chance.
Não há nada que nos prenda
Não neste universo, mas só no que eu criei
E talvez, lá, as coisas voltem a ser como eram
E eu esteja me sentindo feliz
E eu nunca tenha escrito um texto bobo desses
Ou então tenha escrito um mais bobo, e mais apaixonado, mas feliz
Porque nada disso me resta neste universo.

Só me resta uma vontade insana de me despir de orgulho próprio e mendigar sua atenção
Mas não, isso não. Não de novo.
Vou sofrer aqui de mãos abanando, à moda dos trovadores, mas não gasto mais uma gota do que há de melhor em mim em vão.
É simples. Só tenho que me acorrentar a qualquer coisa mais pesada do que eu.
Isso vai controlar meu corpo.
Um dia eu descubro como controlar minha mente
e sua maldita mania de criar mil universos com você ao centro.