sábado, 2 de agosto de 2014

O Sol

Acho que eu nunca tinha reparado detalhadamente a trajetória que o sol faz pelo céu antes.
Mas hoje, se você me perguntar, eu sei exatamente o caminho
Porque ultimamente meus dias têm sido isso: acompanhar impaciente o sol se por
E querer acreditar que, no máximo em meia hora, você vai estar aqui, sabendo que não vai.

Eu sei que eu não posso chegar e dizer o que você deve fazer com seus dias
Mas eu troquei de vida pra poder ter mais momentos com você
E tudo que eu consegui foram mais momentos dentro desse quarto
Que a cada segundo de atraso mais parece uma prisão

E as grades vão se estreitando, o ar vai faltando, eu vou delirando
Já não sei se a prisão é o quarto ou é você
Eu sei que você não me quer mal, mas parece se importar cada dia menos
Ou sou eu quem se importa cada dia mais

Você deveria saber que minha única distração é ficar aqui, olhando o sol pela janela
Jogando meus dias fora e rindo de mim, que poderia estar sorrindo também
Você também deveria saber que esse sol está me aquecendo
E a cada dia o olhando é um dia mais perto da ebulição

E quando eu finalmente ferver, eu vou transbordar, derramar, derreter
E escapar entre as grades da prisão
E não haverá nada que você possa fazer
Porque eu nunca fiz questão de esconder a impaciência

Você se importa? Então me leve para o sol
Voe comigo até bem perto dele, até eu evaporar
E me transformar em chuva, e desaguar, pra correr livre de novo

Quero ser mais que espectador da minha própria vida.