E se perguntarem de mim, diga que
eu me perdi em algum lugar do passado. Diga que eu provei de uma felicidade tão
intensa, que me fazia tão forte e otimista, que esqueci do tempo e mergulhei no
passado atrás dela outra vez.
Se perguntarem, diga que fisicamente
eu estou bem. Diga que não se sabe o que houve com minha alma.
Diga para não deixarem recados,
para não me esperarem para compromissos. Se perguntarem, diga que talvez eu
demore muito tempo para retornar.
Diga que eu fui atrás de alguém
que nem você sabe quem é, que fui atrás dos melhores sentimentos dessa pessoa.
Diga que eu disse que mergulharia bem fundo atrás deles.
Diga que, antes de ir, eu andei
por madrugadas seguidas atrás de um cheiro, farejando a brisa, e não encontrei.
Diga que encontrei maravilhas na noite, mas não encontrei a que eu queria.
Diga também que outras pessoas
surgiram. Pessoas certas, nos momentos errados. Se essas perguntarem, digam que
eu dei o meu melhor por elas, ainda que eu saiba que meu melhor não foi o
suficiente.
E se insistirem, digo, se quem
sabe do ocorrido insistir, diga para mergulhar comigo. Diga que qualquer voz
que soe mais alto que a minha é bem vinda para testemunhar em meu favor.
E, por fim, se aquela pessoa em
especial perguntar por mim, diga que nada mudou. Diga que é dela que eu fui
atrás, meio sem rumo, meio sem crença. Diga que eu não vivia por completo
depois de tudo, então fui atrás da plenitude, que eu sabia em que braços
encontrar; só não sabia se encontraria os braços certos. Diga que mudei, diga
que amadureci e, por fim, diga que eu não cometo os mesmos erros duas vezes.