Quando foi que eu me tornei esse eu de hoje?
Quando foi que eu deixei tudo isso pra trás?
Eu ouço no escuro as mesmas músicas da década passada
E só imploro no meu íntimo que elas despertem emoções mais uma vez
Mas as notas vêm e com elas só uma nostalgia cinza
Uma saudade distante, de dias que eu mal me lembro direito
Onde estão todas aquelas pessoas? Como eram seus nomes mesmo?
Por que se tornaram tão desinteressantes?
Eu me sinto tão velho. Tão sem forças
Talvez eu ouça essas músicas atrás de um pouco de juventude, de vigor
Mas essas batidas estão tão gastas quanto eu. Não há mais arrepios com os graves
Talvez a culpa seja toda minha. Minha e da minha pressa.
Eu não sei por que eu me sinto sempre atrasado
Só sei que eu corri tanto que conquistei o mundo cedo demais.
E agora? O que resta a ser feito?
Não há mais desafios que me despertem o interesse
Porque eu estou velho demais pra começar tudo de novo
E novo demais pra estacionar
Eu só peço uma noite de festa que não pareça uma eternidade
Uma noite que amanheça em minutos e eu ainda esteja sorrindo de manhã
Uma noite que valha a dor no calcanhar
E que eu me divirta sem culpa
Eu achava que estava conquistando a liberdade
E gastei todo meu tempo com isso.