sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Universal Studios

Acreditar no amor é como estar num parque de diversões. 
Você embarca em uma aventura, sabe que vai ter altos e baixos, adora e odeia a sensação ao mesmo tempo. Sente euforia, desespero, excitação, dor, liberdade, taquicardia. Você jura, por um minuto, que tudo aquilo é real.
As paredes ao redor são tão cheias de detalhes. As luzes, tão brilhantes. O universo quer que você acredite que pertence àquele lugar. Quer que você se entregue. 
E você é só mais um. E vai se entregando. Se deixando levar. Tudo que você quer é mais e mais dessa sensação maluca. 
De repente, você está tão envolto que o seu mundo passa a ser aquilo. Você se torna parte do parque de diversões. 
As montanhas russas são seu sangue circulando. Os espetáculos são seus pulmões respirando. 
É tudo tão mágico! Tão perfeito! Algum dia antes você imaginou que pudesse ser tão feliz assim? 
Você consegue sentir o cheiro de pipoca doce no ar? E essa música de fundo, tão simples e gostosa? 
O dia está perfeito. O sol parece que brilha mais forte aqui. Tudo é mais colorido. Faz um calor tão bom. 
Os chafarizes derramam vapor de água no seu rosto. É tão refrescante. 
E você dá uma respiração tão profunda. E solta o ar. E tudo corre tão limpo dentro de você. 
Por uma fração de segundos, você está flutuando. Você vai subindo, subindo. Está quase tocando o céu...
Mas o amor não é real. 
Tudo é uma mentira. Tudo é uma ilusão. 
Desça dai agora!
Essas paredes caem se você as empurrar. As atrações são desligadas. As luzes se apagam. Depois de um tempo, ali não resta nada a não ser um cemitério de armadilhas. 
E o que há na verdade é uma escuridão intimidadora. 
E todas as memórias boas que um dia você teve ali voltam. Mas voltam diferentes. Elas já não tem a cor. Elas vagueiam no escuro, rindo de você. 
Do que você tem medo? Até crianças amam parques de diversões! 
E você tenta de novo. Tudo que você quer é a ilusão de volta. Mas não dá. Só resta o pavor. 
A bolha de felicidade em que você vivia era tão confortável. Mas basta um cabo solto no meio de todos aqueles brinquedos e a tragédia se instala. Basta prestar mais atenção e vai ver que há pontos no parque com placas de “não ultrapasse”. Há coisas que não querem que você veja. 
O amor não existe. 
Quanto mais tempo você ficar nesse parque, mais vai ser dependente dele. 
Há uma vida de realidade lá fora. Nua, crua e cruel. 
Você pode encarar a vida. Ou pode aguardar na fila da próxima atração. 
A escolha é sua.