segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Versos de um coração qualquer




Em algum lugar no sótão da igrejinha, perto do vitral, há de estar lá.
E toca notas longas na tarde abafada, o órgão.
Não sei se é de um dia do passado, ou vindouro dia dourado
Mas lá toca, triste e alegre, minha felicidade.

Tocam em tom de ré, que combina com o sol do dia
Mas há o luto, que me faz chorar até agora
Não sei de que fala a letra
mas é triste, apesar de o dia ser alegre.

E eu sozinho, tocando o órgão
Não preciso de mais nada, a canção preenche minha alma
E bom se fosse, se o tempo parasse ali mesmo
e bom se fosse se o tempo voltasse pra sempre

E por que choro em cada nota?
Acho que me lembro do meu avô, não sei
ou do pai de uma amiga, ou de algo que eu achei que tinha
O que eu fiz de mim mesmo?

Talvez devesse ser mais emoção, menos razão
Ou então sonhar mais baixo
Como se sabe onde é o chão no espaço?
Como é a dor que se sente em outra estrela?

Talvez não haja dor em outro planeta
E lá esteja um outro eu, tocando o mesmo órgão
Com a mesma canção triste-feliz
Mas as notas reverberam menos vivas.

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