domingo, 11 de setembro de 2011

Redenção



Confesso: ver-te tão de perto depois de tanto tempo ainda faz meu peito doer.
Ter você ali, a centímetros de distância, e não poder te tocar por um milhão de razões ainda é um castigo.
Mas eu olhei pra você e vi muito mais.
Naquele exato momento, era como se toda a dor que você vem me causando nesses últimos meses exalasse de você. E não era só dor; era nojo, era aversão, era vontade de te fazer em mil pedaços, para que tudo, enfim, acabasse.
Você deve ter visto o mesmo em mim. Você viu o mesmo cara de quando você me conheceu: indiferente, sorridente, brincalhão e, o melhor, não dependente de você.
Você deve ter visto um par de asas enorme se assomando ao seu redor e batendo bem forte, fazendo seu odor repulsivo se dissipar em meio à multidão.
Eu vi seus olhos vacilarem por um milésimo de segundo.
Sim, eu estou de volta, o verdadeiro eu.
O idiota que morria por você era exceção.
E essa exceção a cada dia fica mais fraca aqui dentro. Eu sei que toda vez que eu te ver, ela ainda vai se mexer no meu coração, mas agora eu sou forte o suficiente pra fazê-la se aquietar novamente.
Eu nunca estive tão nas mãos de alguém como estive nas suas.
Pior: eu nunca gostei tanto de estar nas mãos de alguém.
Foi você quem ordenou que eu saísse e, olhe só, eu sai.
Não espere nada de mim.
A memória do seu cheiro bom ainda está aqui,
Mas agora eu tenho a memória do cheiro ruim, e esse é bem mais recente.
Talvez, quando as duas tiverem desaparecido, chegue o nosso momento, seja pra voltamos a ser o que éramos, seja para sermos outras pessoas.
Mas antes disso, não se aproxime.
O que os olhos não veem, o coração não sente e o cérebro não relembra.
Isso vale para mim e para você.
Vá em frente e suma.

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