quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Silêncio voluntário




Eu tenho minha voz de volta, meu tom natural.
Eu poderia gritar em queda livre, ou sussurar alguma canção, ou te fazer ouvir tudo aquilo que eu guardei comigo nos tempos de mudez.
Eu poderia entoar toda a merda que você merece ouvir, do tipo "foi você quem me deixou escapar. Não faço mais parte da sua vida porque você quis."
Eu poderia dizer coisas sobre a sua falta de caráter, de um jeito particularmente doloroso, como só eu sei fazer.
Mas pra quê?
Eu disse, quando você me calou, que uma hora o vento levaria o que não era verdadeiro,e ele levou.
Eu disse que, cedo ou tarde, você me ouviria, e, olhe só, você está de joelhos, suplicando por uma palavra minha.
Sinto muito, você perdeu a chance de me ouvir.
Tudo que vai ter de mim agora é uma amizade morna e conveniente, descartável a qualquer momento. Não terá conversas na madrugada, não terá conversas durante o dia. Não me terá preocupado com você.
Acostume-se a me ver deixando você para o segundo plano. Você quis assim.
Não ouse proferir uma sílaba para reclamar, ou eu despejo mil razões para ser ainda pior com você.
Meu corpo ainda tem o mesmo calor, mas meu coração está mais gelado que nunca.
O que você esperava ao tocar meu ombro? Que eu sorrisse, esquecesse meses de dor e agisse como se fosse seu melhor amigo?
Não. Vou te tratar como você me tratou, sempre.
Você tocou meu ombro uma vez, suplicante, e eu te ignorei.
Toque mais uma vez e eu parto seu coração com meia duzia de palavras.
Você não quis ouvir quando eu disse que seria bom.
Agora sou mau, e não perdi meu tempo tentando te dizer.
Minhas palavras são preciosas demais para chegarem aos seus ouvidos.

2 comentários:

Telecentro Pedro Nava disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Telecentro Pedro Nava disse...

Sempre tão fabuloso com as palavras...parabéns!