domingo, 5 de fevereiro de 2012

Ruindo.




Era como se eu tivesse estado cara a cara com a Medusa, como se eu tivesse me tornado um corpo feito de pedras.
Eu estava inerte, estagnado, como se tudo que eu pudesse viver já estivesse no passado.
Eu era uma estátua em meio aos seres humanos.
Não, numa noite, resolveram me perguntar: "Qual é o seu limite? Até onde você vai?"
E eu, intimamente, me fiz a mesma pergunta, ao mesmo tempo que meu coração voltava a bater.
Eu provavelmente tenho, sim, um limite. Mas eu não cheguei nele, ainda.
Ser uma estátua da decoração não podia ser meu máximo. Não podia.
E então minha pele ruiu, rachando em milhões de pedaços de pedra branca. Pedras rolaram, pedras voaram pelos ares e embaixo, adormecida, uma erupção me veio a flor da pele. Eu era pura lava, puro ardor. Eu era, então, humano.
Humanos normais não veem o futuro. Portanto, humanos normais não podem se permitir impor limites.
Perguntaram qual era o meu limite, e eu não soube responder.

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