terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um segundo



Me sinto nu.
Não de roupas, de experiências.
Não de marcas, mas de carapaça.
Não de trapos, mas de calor.
Anos juntando cacos, uma a cada dia, pra parecer alguém mais forte
E, em um segundo, em uma frase, aquele antigo eu está de volta.
Como é ruim lembrar dessa cicatriz que eu tenho no peito
e perceber que ela está num lugar tão vulnerável.
Não sinto falta de você, sério.
Sinto falta do que você foi pra mim um dia.
Algo que de vez em quanto eu encontro em outras almas
Em lampejos, que muito vão e pouco vêm.
Como se eu olhasse de relance e te visse em meio a tantos
mas que, ao piscar, tudo não passasse de uma multidão de indigentes
Uma multidão de descontentes
Porque eu não consigo ser bonzinho nunca mais
Agora gosto menos de doces, e mais de destilados
Agora sei não agir no impulso, e viciar pessoas em mim
pra depois deixá-las na abstinência
você se surpreenderia se me visse
Talvez até se orgulhasse, já que faço tudo à sua moda
Mas perto de você eu me sinto tão nu
Como se enxergasse até além de minha pele
Como se visse minhas inseguranças, que não permito a ninguém tocar
Só preciso de um segundo, pra me vestir novamente
de aprendizagem pela dor e roupas caras
aí então eu viro as costas
E tudo não passou de um flash back em preto e branco

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Fria Fênix




Lembro-me vagamente de ter cantado que era livre
Que voo alto e gosto disso
Isso nunca foi surpresa pra você

Eu gosto do céu, criança.
a sensação de estar longe de tudo, e o vento frio
Só boas razões me trazem de volta à terra firme

Não sou preso por anéis
ou por consideração a sentimentos
ou por frases, ou por medo
Disse a mim mesmo que não me trancaria por alguém

Não sou causa ganha
Não sou causa fácil
Não sou como outros que você beija no escuro

O negócio é voar junto, e não tentar me possuir
É tão pequena a visão aqui de baixo
e tão sufocante esse meu peito caustrofóbico
Não iria durar muito tempo nossa caminhada pelos becos

Pare de tentar me dominar
Quanto mais tenta, menos vontade tenho de me render
menos vontade tenho de tentar te surpreender
Não se prende um guri de alma alada

Não se prende grandes aves indomadas
Foi-se o tempo em que eu gostava de gaiolas
voos livres têm um preço muito caro
que eu não pago pra afagar o ego alheio

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Abstract being


You have no home, you are in the air
or maybe it's my head flying instead
and there, above, I wonder the colour of your eyes
cuz it seems to be changing everytime

You have no name, or maybe I just forgot
or maybe I never said, or maybe I never will
because the time is a strange thing
when things are all about my ghost

You have no soul, you have no hot body
Or it's just my eyes, unable to see it burn
Or it's just my eyes, that see it more than real
tell me about your point of view

You have no voice, although I hear a breath
one diamond that you are calling me
behind this fucking mortal silence
I'll keep quiet and I shall listen

You have no face, I guess it's me who drew it
There in my mind you look so perfect
but I'm unable to trace your lips
I'm unuable to put you to exist