Acho que eu
nunca tinha reparado detalhadamente a trajetória que o sol faz pelo céu antes.
Mas hoje, se
você me perguntar, eu sei exatamente o caminho
Porque
ultimamente meus dias têm sido isso: acompanhar impaciente o sol se por
E querer acreditar
que, no máximo em meia hora, você vai estar aqui, sabendo que não vai.
Eu sei que
eu não posso chegar e dizer o que você deve fazer com seus dias
Mas eu
troquei de vida pra poder ter mais momentos com você
E tudo que
eu consegui foram mais momentos dentro desse quarto
Que a cada
segundo de atraso mais parece uma prisão
E as grades
vão se estreitando, o ar vai faltando, eu vou delirando
Já não sei
se a prisão é o quarto ou é você
Eu sei que
você não me quer mal, mas parece se importar cada dia menos
Ou sou eu
quem se importa cada dia mais
Você deveria
saber que minha única distração é ficar aqui, olhando o sol pela janela
Jogando meus
dias fora e rindo de mim, que poderia estar sorrindo também
Você também
deveria saber que esse sol está me aquecendo
E a cada dia
o olhando é um dia mais perto da ebulição
E quando eu
finalmente ferver, eu vou transbordar, derramar, derreter
E escapar
entre as grades da prisão
E não haverá
nada que você possa fazer
Porque eu
nunca fiz questão de esconder a impaciência
Você se
importa? Então me leve para o sol
Voe comigo
até bem perto dele, até eu evaporar
E me transformar
em chuva, e desaguar, pra correr livre de novo
Quero ser
mais que espectador da minha própria vida.
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