quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Quando me dei por conta...

Respirar é uma coisa tão fácil, ao menos é o que era pra ser. Tudo que eu queira agora, contudo, era um tempo pra poder fazer isso. Eu já não me surpreendo com frases do tipo: “Mas você é tão jovem”. Afinal, é a mais pura verdade.
O fato era que eu achava isso bom. Eu me sentia tão dono da verdade que estava cego demais pra perceber que estava pulando fases da minha vida, pra chegar a uma meta distante, na qual eu nem sabia se ia ser feliz.
Entre independência e dignidade, eu escolhi a celeridade. Estou na frente nessa corridinha imbecil, sim, mas qual é a importância disso? Acabei por ser o mais dependente e o menos digno.
Talvez, daqui a quatro ou cinco anos, minha escolha tenha valido pena. Mas eu só vou saber quando chegar lá. Além disso, tudo na vida tem sempre dois lados.
“Mas você é tão jovem”.
Sim, eu sou. E só queria errar de vez em quando, sem ter que me sentir tão responsável, sem ter que saber que esperavam mais de mim, sem ter que saber que eu mesmo esperava um pouco mais.
Tudo aquilo que hoje acho importante, por incrível que pareça, não diz respeito às pessoas que realmente o são. Há quanto tempo eu não sento numa rodinha de tereré? Há quanto tempo não passo intermináveis quatro horas num ócio que se acabam num segundo? Há quanto tempo não rio sem preocupação?
Eu rio constantemente. Mas não é a mesma coisa de tempos atrás, em que eu ria num nível mais alto te veracidade, e o que me motivava a isso não era socialmente relevante.
Eu não tinha que opinar quando não quisesse, nem me abster quando as palavras queriam explodir na minha língua.
Talvez você leia isso e ache um mero desabafo adolescente. Pra mim não faz diferença, afinal, “eu ainda sou tão jovem”. Mas mesmo assim, nessa minha grandiosa juventude, todo me soa como palavras de um idoso.

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