Através dos anos, eu fui me transformando no ser que tanto abominada, no começo. Talvez eu esteja perdendo minha religião, por ter ousado olhar pra cima. Quem me garante que vou ser castigado por ser um menino mau? O castigo virá, sendo você bom ou mau.
Lá, em meados de 2005, eu não era tão diferente do que sou hoje. Talvez mais impulsivo e mais idiotamente corajoso, mas, em essência, eu era a mesma coisa, e resolvi dar uma chance a mim mesmo. Resolvi me reinventar. De lá pra cá, tudo não passou de uma roda gigante que, como todo círculo, começa e termina em lugar nenhum.
Eu fui alto. Estive no topo por alguns minutos, há uns dois anos. Pensei ter finalmente encontrado algum sentido em orações de joelhos naquele dia, mas foi ilusão. Qualquer barco veleja calmamente em condições climáticas perfeitas. Quero ver se desliza pelas águas com tanta desenvoltura em meio ao redemoinho.
Aqui está o redemoinho, e, então, onde está aquela paz que senti há tanto tempo? Por favor, não me venha com aquele papo de que entenderei tudo lá na frente. Não é que as pessoas entendem, é que as pessoas esquecem, portanto simplesmente reconheça sua indiferença a isso tudo.
E agora, a voltinha no parque de diversões acabou, e eu estou novamente na parte de baixo da roda gigante. Depois de ter visto as coisas lá de cima e aqui de baixo, posso dizer com propriedade que não importa como você haja, as pessoas vão pisar no seu coração, e o destino – ou seja lá o nome que você dê para isso – vai sacanear com você, acredite você ou não, seja você bom ou não, perca você meia hora de sono por dia rezando ou não.
É, eu tenho pouca fé. Se sua fé é tão forte, reze por mim e me convença de que ela deu resultados. Porque é disso que eu preciso: resultados, e não pedidos feitos ao vento pra ninguém ouvir.
De qualquer forma, se é que há alguém que me ouça, aqui está uma ótima chance de me mostrar que o faz. Já pode estalar os dedos, agitar a varinha, jogar os dados, ou o raio que seja, mas, por favor, se estiver ouvindo, faça alguma coisa, ou essa sua ovelhinha vai voltar a ser a ovelha negra de outrora.
Amém.
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