sábado, 20 de agosto de 2011

Águas turbulentas


Por quanto tempo vamos nadar contra a maré?

Meus braços se cansaram há muito, por terem ficado tanto tempo para cima

E meus joelhos ainda doem por terem implorado tanto.

Desculpe, mas eu preferi afundar.

Não adianta me oferecer um bote salva-vidas agora.

Não percebe que o frio dessa água já foi fundo no meu peito?

Só não mais fundo que as feridas que você deixou

E que eu não te permito voltar a tocar.

Você parece um reflexo de luz que vem da superfície:

Pura beleza, mas difuso, inconstante, e só um reflexo.

Eu estou indo cada vez mais para o fundo.

Não há luz ou reflexo que me trará de volta

E se algum dia eu voltar lá para cima, você acha que valeria a pena?

Eu não serei o garotinho que você conheceu

Serei o homem que você machucou e foi forte o bastante para sobreviver

Não me confunda com um peixe de sangue frio.

Serei firme como uma rocha

Não sei se você será água o bastante para me perfurar

E se o for, leverá tempo.

Foi graças a você que meu coração esfriou.

E não espere que eu sufoque em minhas próprias palavras.

Engoli tantas delas a contragosto que terei fôlego por uma vida.

Só preciso relaxar os ombros e esperar.

A maré vai me levar para uma praia ensolarada, com ou sem você.

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