Por quanto tempo vamos nadar contra a maré?
Meus braços se cansaram há muito, por terem ficado tanto tempo para cima
E meus joelhos ainda doem por terem implorado tanto.
Desculpe, mas eu preferi afundar.
Não adianta me oferecer um bote salva-vidas agora.
Não percebe que o frio dessa água já foi fundo no meu peito?
Só não mais fundo que as feridas que você deixou
E que eu não te permito voltar a tocar.
Você parece um reflexo de luz que vem da superfície:
Pura beleza, mas difuso, inconstante, e só um reflexo.
Eu estou indo cada vez mais para o fundo.
Não há luz ou reflexo que me trará de volta
E se algum dia eu voltar lá para cima, você acha que valeria a pena?
Eu não serei o garotinho que você conheceu
Serei o homem que você machucou e foi forte o bastante para sobreviver
Não me confunda com um peixe de sangue frio.
Serei firme como uma rocha
Não sei se você será água o bastante para me perfurar
E se o for, leverá tempo.
Foi graças a você que meu coração esfriou.
E não espere que eu sufoque em minhas próprias palavras.
Engoli tantas delas a contragosto que terei fôlego por uma vida.
Só preciso relaxar os ombros e esperar.
A maré vai me levar para uma praia ensolarada, com ou sem você.
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