quinta-feira, 28 de outubro de 2010

...

Não sou bom pra interpretar o silêncio.
Nunca fui apegado demais ao meu celular, mas agora?
Pareço um idiota. FIco olhando de cinco em cinco minutos.
Implorando por uma informação.

Implorando por mais um "eu te amo"
Ou então só saber se você está bem.
Eu já me daria por satisfeito.

Eu sei que seu silêncio é justamente pra não me torturar,
mas existe tortura maior que essa?
existe tortura maior do que esse pesadelo?

Talvez eu esteja te machucando também, e é por isso que eu não digo tudo isso diretamente
Eu não posso.
Você tem uma vida nova agora. Uma vida nova e forçada.
Te lembrar que eu existo é te lembrar da falta de escolha que você teve.
Por isso eu fico assim, quietinho.

Por mais que me doa fazer isso, tenho que me livrar de você
e permitir que você faça o mesmo
Juntar os cacos, apagar os e-mails e parar de chegar o celular.

Só queria ter forças pra fazer isso.
Quando a gente permite que alguém conheça nossa alma, não é tão fácil expulsá-la.
Principalmente quando não é o que a gente quer fazer.

Uma hora passa.

Onde está meu celular mesmo?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Veredictum

Eu te proponho um julgamento:
Qual o grau de culpa daquele que mata pra sobreviver?
Quão ampla é sua vontade de matar?
Ele tem vontade de matar?

Ele sabe que ser assassino não cai bem aos olhos alheios
Mas que escolha ele teve?
Ele não queria matar.
Se tivesse escolha, jamais teria sujado as mãos.

Mas ele sujou. E ele vai ser sempre sujo,
por algo que, repito, ele não quis.
Mas você não viu isso.
Quando você chegou, só havia um corpo no chão, e ele de mãos sujas.
Pra você, ele simplesmente matou.

Ele repete mil vezes a sua versão pra você
Mas você fecha os olhos, fecha os ouvidos.

Você sentencia um furuto negro a ele.
Cadeia, pra sempre.
Mesmo sem culpa, mesmo sem escolha.
E o que você espera dele?
Conformismo?
Claro, não é? Afinal, pra você, ele é assassino e ponto.

De vez em quando ele se lembra que é inocente, e isso faz mal a ele.
mas passa, depois de um tempo.
A única coisa que ele espera
é que, a cada noite, você se lembre dele.
Que você se recorde do tamanho da injustiça que você cometeu
e que tente tirar esses pensamentos da cabeça, e não consiga.

E isso ecoe, ecoe...
e no próximo julgamento, você reavalie seus valores.

A noite em que nevou na ponta verde.

É engraçado o modo como não sentimos nossos dedos no inverno, não é mesmo? Todo o sangue do seu corpo se dirige aos órgãos vitais, como o coração e os pulmões, e os dedos, que são coisas supérfluas, perdem calor.
Algumas nevascas são tão violentas que os dedos sequer resistem ao frio, eles congelam, e têm que ser amputados.

Foi muita pretensão minha pensar que, em tão pouco tempo, eu pudesse estar perto do coração.
Eu não passo da ponta mais distante de um dedo, aquilo que na nevasca, não faz a menor falta.

Quem se preocupa com um dedo quando o que está em jogo é a própria vida?
Ninguém.

Me sinto idiota, sabe? de ter pensado tantas coisas.
A culpa não é sua, eu sei. Alguns sacrifícios são necessários.

Como dizia a música: outras situações em outras circunstâncias...
Lá vou eu imaginar mais uma vez. Preciso parar com isso.

Só me diz como fazer pra olhar pra você e não imaginar como as coisas poderiam ter sido.
Eu só preciso disso, porque elas não vão ser...
Seriam, em outras em outras circunstâncias, mas essas circunstâncias são virtuais
De uma realidade paralela que agora eu não faço mais parte.

Eu fui amputado, fui o sacrifício necessário.
Me diz como continuar agora, por favor.
Por que você acha que eu iria querer alguém melhor que você?
Só se esse alguém me fizesse sentir essa coisa louca também.
Não é amor. Isso eu já senti, várias vezes. Várias análogas vezes.
É algo diferente, que nem eu mesmo sei dar nome.

Alguém consegue me fazer sentir isso?
Duvido.
Mas que importância tem as dores de um dedo jogado no chão, tempos depois de ser cortado fora?
Nenhuma. Dedos cortados não se ligam ao cérebro e nem ao coração.
Dedos cortados não têm emoções.

Preciso parar de teimar em tê-las.

Me explica porque te conheci pouco antes da nevasca.
Me diz se essa merda não faz algum sentido.
Me diz se não foi só comigo.
Me diz qualquer coisa antes de eu ir pro lixo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Hell creature, Earth creator.

Such a beast reborning from the fire
A stilltracking mind
situation
focus
target
judgement

A step on to the victim
the fang right on its heart
the beast is the own of fate
It decides

How could someone unsderstand love and hate in the same body?
the beast holds it all
It has a big heartbreaker-sword
It looks at your eyes, and craves it
the same eyes from the childhood
the same beloved eyes

A spy of dirty
cognitio, longa manus
the vitcim is easily in range
The beautiful victim
with a new scar in chest

Or maybe in its soul
the beast is cutting its wings
the perfect bird it creates now bleeds
bleeds inside, bleeds outside
The freedom of the victim is gone

Creatures are creatures
when the beast act as the creator
An innocent victim pays for it.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Relógio de cinzas

Ah se tivéssemos tido tempo
de realizar todos os nossos sonhos
de realizar todos os nossos planos
talvez as coisas ainda tivessem sentido...

Ah se eu tivesse tocado
o canto da sua boca quando sorri
do jeito que prometi que faria
talvez meu encanto ainda durasse...

Talvez não afundasse nessa tragédia secreta
nem vivesse um inferno particular
Ah se tivéssemos tido tempo
Meu silêncio seria completamente diferente

Encostaria meu rosto do lado do teu
repetiria bem baixinhos os nossos segredos
E ficaria horas e horas olhando pro teto
deixando você dormir no meu peito

E se tivéssemos mais tempo
Iríamos pra um lugar desconhecido
Onde pudéssemos ser só nóis dois
Trasformaria em realidade a utopia

Qual foi meu pecado em sonhar?
Sabe, eu disse que ia esperar
Se tivessemos tido tempo
Trataria de fazer mais planos

Mas não há barulho mais cruel que um despertador
que me lembra o tempo que não tivemos
que me traz de volta, que me perfura
que me lembra que nós não tivemos o tempo que esperamos

Por isso não faço mais planos com você
apesar de estar disposto a cumprir os que já fim
Se um dia quiser, acerte os ponteiros
e volte no tempo

Eu vou estar no mesmo lugar.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

The King can do no wrong

E desça do seu trono antes de criticar a coroa do outro
Quão divino é aquele que consegue ver as falhas alheias sem perceber que padece do mesmo defeito?

Não jogue as pessoas numa vala comum por não saberem quem são.
Você tem ideia da preciosidade que pode estar disperdiçando?

Não, você não sabe. Seus olhos estão vendados.
Eu estou longe demais pra descobri-los, longe demais pra você conhecer.
Sou só mais um na vala comum.

Quanta majestade há num trono de ilusões?
Ou você pensa mesmo que as pedras em que se senta são mais sólidas do que eu?


Não o são, Nobre. Não o são.
Minhas palavras são mais concretas que seu reino.
Se bem que, os dois não passam de vento.

Tanto faz, no fim das contas.
Você não deve olhar pra baixo pra ouvir a opinião do vassalo
ou do conselheiro, ou do raio que eu seja.

Os nobres não erram.

Os nobres não enxergam.

Ah se soubessem que sou o Rei que criticou...