terça-feira, 26 de outubro de 2010

Veredictum

Eu te proponho um julgamento:
Qual o grau de culpa daquele que mata pra sobreviver?
Quão ampla é sua vontade de matar?
Ele tem vontade de matar?

Ele sabe que ser assassino não cai bem aos olhos alheios
Mas que escolha ele teve?
Ele não queria matar.
Se tivesse escolha, jamais teria sujado as mãos.

Mas ele sujou. E ele vai ser sempre sujo,
por algo que, repito, ele não quis.
Mas você não viu isso.
Quando você chegou, só havia um corpo no chão, e ele de mãos sujas.
Pra você, ele simplesmente matou.

Ele repete mil vezes a sua versão pra você
Mas você fecha os olhos, fecha os ouvidos.

Você sentencia um furuto negro a ele.
Cadeia, pra sempre.
Mesmo sem culpa, mesmo sem escolha.
E o que você espera dele?
Conformismo?
Claro, não é? Afinal, pra você, ele é assassino e ponto.

De vez em quando ele se lembra que é inocente, e isso faz mal a ele.
mas passa, depois de um tempo.
A única coisa que ele espera
é que, a cada noite, você se lembre dele.
Que você se recorde do tamanho da injustiça que você cometeu
e que tente tirar esses pensamentos da cabeça, e não consiga.

E isso ecoe, ecoe...
e no próximo julgamento, você reavalie seus valores.

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