segunda-feira, 25 de julho de 2011

Celular


Hoje eu me peguei relendo todas as mensagens de celular que você me mandou que eu ainda tenho salvas. Infelizmente, só restaram as últimas, aquelas de quando tudo o que você parecia sentir era ódio, mas eu nunca vou esquecer uma em especial, que há muito eu já apaguei. Eu lembro que eu estava em minha mesa, no fórum, trabalhando em um processo qualquer quando a imagem do meu monitor começou a tremer. Eu já sabia o que isso significava: havia um SMS a caminho. Então olhei pro meu celular e lá estava: “nova mensagem de SIM 1, e ddos”. Quando eu vi, pensei que seria só mais uma resposta ao que eu havia te mandado antes. Mas não. Era algo inesperado, algo que fez meu coração dar um pulo.

“Eu amo você. Sei que é uma palavra forte, mas é isso que eu sinto :$”. Eu já apaguei essa mensagem do meu celular, mas ela nunca se apagou da minha mente. Lembro-me de ter ficado um tempo olhando pra essa frase, meio bobo, e então respondi “Vou querer ouvir isso da sua boca, hein. Nunca cheguei a ouvir.

Pra falar bem a verdade, eu não sei. Teve uma vez que eu quase tive certeza de você ter sussurrado isso logo após uma discussão. Nunca vou ter certeza. Talvez eu só tenha imaginado mesmo.

E agora, lendo as mensagens que sobraram, não entendo onde foi parar o que você sentiu por mim. Você só me disse isso uma vez, eu não havia dito nenhuma, mas o meu sentimento ainda está aqui, guardadinho, no mesmo lugar. O que você fez com o seu? Será que ele realmente existiu? Se existiu, será que acabou? Se acabou, será que ele pode renascer?

Acho que eu nunca vou saber, embora odeie admitir. Queria saber o que você fala de mim para as pessoas, se é que fala de mim. Queria saber o que você pensa antes de dormir. Porque eu penso em você. Olho pro teto, pego meu celular, digito um “boa noite”, mas não tenho coragem de mandar.

Não tenho nem coragem de reconhecer o que você sente por mim. Fico aqui, eu e meus palpites, tentando imaginar o melhor cenário possível, garimpando as opiniões dos meus amigos pra fazer uma colcha de retalhos com as partes boas, e jogo as ruins fora.

Pode me chamar de ingênuo, porque eu devo ser mesmo. Ingênuo por ter gostado tanto de você e, mesmo a cada dia, parecer gostar ainda mais. E me pegar lembrando daquela noite, você com um pouco de bebida na cabeça, me abraçando, praticamente se apoiando em mim. Eu estava tão feliz naquela noite. Devia ter dito isso.

Daqui a três dias, vai fazer um mês que eu estou tentando juntar os cacos, sem muito sucesso. Quando meu monitor treme, quando eu vejo uma nova mensagem, a parte mais inconsciente da minha mente implora pra ver “e ddos escrito na telinha, mesmo eu sabendo que isso não vai acontecer. Ai, pra matar a vontade, vou na caixa de entrada, ver as que já recebi, mas só restaram as ruins.

Queria tanto que você me mandasse mais uma, só mais uma, dizendo “Já pode acordar desse pesadelo, Bobão, eu estou aqui com você.”. Eu me derretia quando você me chamava de bobão. Também nunca te disse isso. Mas você nem deve mais ter meu número salvo, ou, se tiver, deve estar salvo como “Nunca ligar” ou algo assim. Deve ter sobrado tão pouco de mim em você, se é que sobrou alguma coisa.

O escapulário que você me deu está ali, bem guardado no fundo da gaveta do meu guarda-roupas. Não tenho coragem de usá-lo. Ele é lindo, mas ele ficou muito pesado no meu pescoço. De vez em quando eu vou lá, pego ele, fico olhando pras duas imagens que ele tem, e depois guardo outra vez. Ele é a única coisa palpável que me restou de você. É tão pequeno, mas é tão carregado de sentimentos, os quais acho que nunca mais vou sentir por mais ninguém. Não é exagero. Ainda penso em você comigo na minha festa de formatura, rindo. Vai ser o começo de uma vida nova pra mim, e eu lembro que quando você surgiu na minha vida atual, essa vida que está por vir parecia tão mais cheia de alegria. Vou estar usando meu escapulário nesse dia. É o jeito que encontrei de dizer pra mim mesmo que, de alguma forma, você vai estar lá.

E eu penso: será que você lê o que eu escrevo? Será que você se pergunta o que é de mim? Será que você dá um sorriso saudoso quando lembra daquela nossa noite perfeita? Será que aquela noite foi mesmo tão perfeita pra você? Eu ainda posso sentir sua mão, tanto nessa noite, tanto nas vezes que ela ficou entrelaçada com a minha. Eu ainda posso sentir você tão quente.

Preciso parar de divagar. Você não vai ler isso nunca. Você não pensa em mim antes de dormir. Do meu nome eu tenho certeza que você se lembra, mas não sei que lembranças ele te traz. Não sei o que você guardou de mim. Não sei como você está. Não sei com quem você está.

Não sei mais nada daqui pra frente. Não sei porque sua mensagem está demorando tanto pra chegar.

2 comentários:

Telecentro Pedro Nava disse...

Nossa...faz algum tempo que não lia algo tão profundo e cheio de sentimentos assim. Espero que a pessoa para quem você escreveu este texto possa, algum dia, ler essas palavras tão "vindas" do coração.
"O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba." in Holly Bible.

Etho disse...

Assim espero. Só queria que fosse lido, e compreendido rs.