quarta-feira, 13 de julho de 2011

O espaço entre um dia e o outro.


A madrugada é a mais sincera e mais severa companhia dos perturbados.

Nela, você enxerga coisas que a luz ofuscante do dia não lhe permite perceber.

Entender que não adianta implorar por uma segunda chance, que as orações nem sempre são atendidas na hora que você acha que mais precisa.

Não se muda do imutável. Ao imutável deve-se se adaptar. A madrugada me fez entender isso.

De vez em quando eu ainda vou pensar em possibilidades que não aconteceram, mas preciso saber que essas possibilidades estão no passado, não no futuro. Mas quem escreve o futuro? Deus ou Eu? Em parte é Deus, pra quem já fiz minhas orações; em parte, sou eu, que tratarei de me adaptar ao imutável.

Pra que guardar o ruim se foi tão bom? Por mais efêmero que me pareça agora aquele nosso elo, a madrugada me fez ver o quanto ele me marcou. Agora eu entendo que não sou senhor do futuro. A parte de Deus não sou eu quem escreve, então, nem tudo está diretamente em minhas mãos. Agora entendo que nem tudo pode ser consertado com meu esforço, nem tudo vai ser do jeito que eu quero.

Parece tão doloroso agora, que é recente, mas não é exatamente isto o delicioso da vida: a imprevisão? A tentativa, o erro e o acerto. As lembranças que você vai levar pra vida toda? Tivemos nossa tentativa. Se foi erro ou acerto, é cedo para dizer. Deixe que a imprevisão e Deus, ao responder minhas orações, digam.

Eu ainda vou te procurar, um dia. Mas não vou pedir nada, além de amizade. Um dia, com certeza, eu vou rir disso tudo, e espero de verdade poder rir disso com você. E talvez, quando isso acontecer, saber se foi erro ou acerto nem seja tão importante assim.

Até que esse dia chegue, a cada madrugada, a escuridão vai ser a ponte entre Deus e eu.

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